terça-feira, junho 28, 2005

Publicações Periódicas do Porto do Século XIX (2 de 2)

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10. GANDRA

Borbolêta Constitucional. 1821
Borboleta Duriense. 1823
Diario (O) Portuense. 1823
Borboleta. 1826
Noticias. 1826
Velho (O) Liberal do Douro. 1832
Artilheiro. 1835
Diario do Porto. 1835
Folha de Annuncios. 1835
Athleta (O). 1838
Carta (A). 1842
Vinte e Sete (O) de Janeiro. 1842
Rosa (A). Jornal dedicado às damas. 1845

11. IMPRENSA NACIONAL PORTUENSE

Annunciador Portuense. 1839

12. JOSÉ BAPTISTA MORANDO

Palito (O). Jornal Critico e Litterario. 1843

13. [Tipografia do] ECCO

Lyra (A) da Mocidade, Jornal Poezias Ineditas. 1849

14. [Tipografia da] PRAÇA DE S. TEREZA, Nº 13

Correio do Porto. 1820
Regeneração de Portugal. 1820
Palradores (Os) no Café. 1822
Coluna de Pesquim. 1824

15. [Tipografia da] REVISTA

Jardim Portuense. 1844
Puritano (O), Periodico Politico, Litterario e Commercial. 1846
Jornal (O) do Povo. 1848

16. [Tipografia da] RUA FORMOSA, Nº 243

Estrella do Norte. 1846
Industrial (O) Portuense. 1846

17. [Tipografia da] RUA DE SANTO ANTONIO, Nº 80

Diario do Porto. 1828

18. VASCONCELLOS

Cozinheiro (O), Jornal de Instrução e Recreio, que ensina o Methodo de Cozinha e Copa, com um artigo de variedades. 1839
Gratis (O), Jornal de Annuncios. 1839

19. [sem indicação de Tipografia]

Juventude (A) Portuense. Jornal de Estudo e Recreio. 1840
Pirata (O). Jornal Critico-Litterario. 1850

A fonte desta informação é o Catálogo da Exposição «A Tipografia no Porto nos séculos XV a XIX». Porto. Boletim da Biblioteca Pública Municipal do Porto, s/d, texto policopiado [cota: REF 071-B.P.M.P. (22)2]. A lista é incompleta e imprecisa. De fora ficaram os periódicos que surgiram na segunda metade do século XIX. A completar.

domingo, junho 26, 2005

Publicações Periódicas do Porto do Século XIX (1 de 2)

Publicações Periódicas do Porto do Século XIX
Organizada por ordem alfabética dos respectivos impressores

1. ANTÓNIO ÁLVARES RIBEIRO [depois, VIÚVA ÁLVARES RIBEIRO E FILHOS]

Leal (O) Portuguez. 1808
Diario do Porto. 1809
Diario Nacional. 1820
Genio Constitucional. 1820
Patriota Portuense. 1821
Analysta (O) Portuense. 1822
Paquete Estrangeiro. 1826
Chronica Constitucional do Porto. 1832
Periodico dos Pobres no Porto. 1834
Repositorio Literario da Sociedade das Sciencias Medicas e de Literatura do Porto. 1834
Folha Commercial. 1835
Annaes da Sociedade Litteraria Portuense. 1837
Annuncios para os assignantes do Periodico do Pobres no Porto. 1840


2. D. ANTONIO MOLDES

Diário de Annuncios da Typographia de D. Antonio Moldes. 1845
Omnibus (O), Jornal d’Annuncios. 1849


3. BULHÕES

Besta (A) Esfolada, por José Agostinho de Macedo. 1828


4. COMMERCIAL

Centro (O). 1846
Respigador (O). Collecção Litteraria. 1846
Columna (A). 1847
Ecco (O) Popular. 1847


5. COMMERCIAL E S. J. PEREIRA

Defensor (O). 1848


6. COMMERCIAL PORTUENSE

Museu (O) Portuense. 1838
Revista Litteraria. 1838
Aviso (O) Mercantil. Periodico d’Annuncios da Typographia Commercial Portuense. 1840
Echo (O) dos Commerciantes. 1840


7. COUTINHO

Vedeta (A) da Liberdade. 1835


8. FARIA GUIMARÃES

Commercio (O). 1841
Coallisão (A). 1843
Cosmopolita (O). 1843
Nacional (O). 1846
Patria (A). 1849


9. FREITAS JUNIOR
Curioso (O), Jornal de Annuncios, Commercial e Curiosidades. 1846
Progressista. Periodico Politico, Litterario e Commercial. 1846

(...)

sábado, junho 25, 2005

One Word Poem (Cristóvão Neto)

quinta-feira, junho 23, 2005

Reflexão 8 (Fernando de la Flor)

«Castiga-se o livro, sobretudo, o seu formato arcaico, a aparência que, imutável, acompanha ainda o que mudou, pois o novo domínio electrónico continua a evocar fortemente uma disposição vagamente rectangular. Trata-se, então, de um martírio; trata-se de dominar, no objecto, aquilo que tem de objecto, ignorando por completo o seu espírito, que é sem dúvida abominado. Nas desoladoras galerias da arte moderna, por vezes, adverte-se a forma do livro submetida a este castigo exemplar. Os castigos, nestes casos, são pesados, os rituais são sádicos e ominosos. Deixar o objecto obscuramente desquartizado é como se se tratasse de impedir que, falando, pudesse voltar a mentir.
O livro atado, o livro empastado, impossível de abrir (trata-se, no fim de contas, do “texto hermético” no seu sentido mais hermético); o livro emudecido em forma de tijolo, com o qual se foi construindo o edifício cultural do Ocidente, sobressai, nestes âmbitos da produção simbólica, pela sua condição totémica e, portanto, pela condição de ser objecto sobre o qual se abate a violência da nova ordem depuradora.
Estas manobras artísticas de signo desconstrutivo, realizadas sempre à custa de uma legitimidade futura – autêntico motor da existência dessa forma imóvel, e um tanto atemporal, que é a estrutura do livro –, comprometem a sua sobrevivência, bloqueando alegoricamente a sua própria viabilidade. Como se, de forma burlesca, as colagens e os esparadrapos, ou a vitrificação da matéria impressa por detrás dos cristais e nas caixas lacradas e transparentes com que as vanguardas o manufacturaram para o mercado, anunciassem uma imortalidade embalsamada e um enigma ao mesmo tempo indecifrável: o livro não mais será lido.»

Flor, Fernando R. de la, Biblioclasmo, Lisboa, Livros Cotovia, 2004, p96

The Book of Glue (Cristóvão Neto)


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quarta-feira, junho 22, 2005

Anúncio 18

O Defensor Diário, 21 de Novembro de 1848

Os Reportorios pequenos que por ahi andão impressos com este nome [Repertorio do Borda-Douro], em a Imprensa de D. Antonio Moldes, são FALSOS e hé roubado o frontispicio e título. Ainda hoje 20 de Novembro se acabarão de aprontas as formas do Verdadeiro Reportorio do Borda Douro, compilado, e impresso por J. N. Gandra. As pessoas que quizerem mandar imprimir alguns podem dirigir-se á rua de Entre-Paredes nº7, aonde se acha estabelecida a Imprensa de Gandra & Filhos. Para logo distinguirem veja-se que os verdadeiros Reportorios tem duas estampas na ultima pagina.

segunda-feira, junho 20, 2005

O Sentido de Oportunidade I (Anúncios 12 a 17)

Um fenómeno interessante é a rapidez com que os editores, livreiros, tipógrafos, homens de letras e de ciências respondem às necessidades do momento. Em circunstâncias muito especiais relacionadas com surtos de doença, crimes, acontecimentos políticos, etc..., e em que é previsível uma forte aptidão para o consumo de edições sobre esses temas, a cadeia do livro do Porto parece reagir prontamente, disponibilizando edições para satisfazer essa procura localizada e de ocasião. Estas edições são, naturalmente, de caractér efémero – esgotando a sua razão de ser e atractividade em escassas semanas - mas de procura intensa durante esse curto período de tempo. O sentido de oportunidade permitiria a todos os intervenientes arrecadarem alguma receita extraordinária, nada desprezível apesar da modesta qualidade dessas publicações.
Um caso digno de estudo passou-se no ano de 1848 no Porto. Durante algumas semanas, a imprensa vai fazendo chegar aos ouvidos dos portuenses a existência de um surto de cólera-morbus que vai assolando muitas cidades europeias, com especial predominância nas cidades portuárias, como o Porto. Não tardou muito até que tivessem surgido os primeiros boatos de embarcações contaminadas a caminho da cidade e até mesmo de mortes suspeitas nas tripulações estrangeiras atracadas do Douro. O boato e as notícias criam o clima mental necessário para que o tema da doença desperte uma curiosidade fora do normal. É neste contexto que se dá um verdadeiro surto de... livros dedicados à cólera-morbus. Pelos anúncios publicados na imprensa é fácil acompanhar a evolução desse surto tipográfico (todos os anúncios foram extraídos do O Defensor Diário):

- 19 de Outubro de 1848 (Anúncio 12):
«No livreiro Gonçalves, rua dos Caldeireiros, vende-se uma pequena oração, disposta em forma de cruz, saudavel contra a peste.»

- 30 de Outubro de 1848 (Anúncio 13):
«INSTRUCÇÕES POPULARES ÁCERCA DA CHOLERA-MORBO, ou conselhos ao povo, sobre o que deve fazer, para se defender desta epidemia, e quando alguem fôr accomettido della, como se deve tratar, até que chege facultativo: por João Ferreira, cirurgião da Escola do Porto – um folheto – Está-se a imprimir, e brevemente se publicará, e se porá á venda, em casa do auctor, na rua dos Lavadouros nº45, e nas lojas de livros. Preço 120 reis.»

- 06 de Novembro de 1848 (Anúncio 14):
O mesmo anúncio, mas o preço já desceu para 100 reis! Também indica com mais detalhe onde se vende: casa do autor, Typographia Commercial, Cruz Coutinho (Porto); Viúva Bertrand (Lisboa); José de Mesquita (Coimbra); António de Freitas Guimarães (Braga); António Tristão de Sousa (Lamego); André Joaquim Pereira (Vianna); Carqueja (Oliveira d’Azemeis); Antonio de Souza Maia (Valença).

- 07 de Novembro de 1848 (Anúncio 15):
«Acaba de sahir á luz um folheto intitulado – Guia para direcção de todos; mas principalmente dos habitantes das aldeas, no tractamento caseiro da cholera morbo epidemica, enquanto não chega facultativo; por J. G. L. da C. Sinval.»

- 08 de Novembro de 1848 (Anúncio 16):
«Guia para o tractamento domestico da Cholera morbo, em quanto não chega facultativo; por J. G. L. da C. Sinval, Cirurgião Medico, pela Escola Medico-Cirurgica de Lisboa, e lente na Escola Medico-Cirurgica do Porto – Vende-se por 40 reis em todas as lojas de livros.»

- 11 de Dezembro de 1848 (Anúncio 17):
«Breves considerações e conselhos praticos sobre a cholera-morbo asiatica. Por J. Peres F. G. Vende-se no Porto, nas lojas dos snrs. Cruz Coutinho, Moré, e Santos na travessa da Fábrica e em Lisboa na loja da snra. Viuva Bertrand, e n’outras terras do reino.»

Como se vê, temos aqui produtos para quase todo o tipo de clientela. Desde a oraçãozinha, passando pelo folheto de 40 reis, até às respeitáveis instruções a 120 reis do Dr. João Ferreira, o qual teve de descer o preço para 100 reis quando confrontado com o folheto de 40 reis do Dr. Sinval. A rapidez com que tudo se processa é indicador da existência de um mercado amadurecido e estável (o suficiente previsível para assegurar o investimento) e uma cadeia de produção e comercialização que não pode ser apenas artesanal. Aqui vemos a indústria tipográfica a funcionar, embora à escala da Cidade do Porto.

sábado, junho 18, 2005

Anúncio 11

O Jornal do Povo, 13 de Agosto de 1850

Que pai de familia não quererá comprar para os seus filhos, pelo modico preço de 120 rs., a obra seguinte? – O livro dos meninos. – obra eminentemente moral e instructiva, escripta em hespanhol pelo excmº snr. D. Francisco Martinez de la Rosa, e vertida em portuguez por D. José de Urcullu, adornada com mui lindas vinhetas, impressa em bom papel, e passadas todas as folhas pela prensa hidraulica.
Vende-se nas livrarias de Gonçalves Guimarães, e de Cruz Coutinho, aos Caldeireiros nº9 e 14; Guimarães e Silva, rua das Flores nº25; Moré, Praça de D. Pedro; Ignacio Correia, rua de Bellomonte nº65.
Em Lisboa na loja de João Paulo Martins Lavado, rua Augusta nº8; em Coimbra, na de José Mesquita.

quinta-feira, junho 16, 2005

Anúncio 10

O Defensor Diário, 08 de Janeiro de 1848

OS SETE PECADOS MORTAES
A SOBERBA

Publicou-se o primeiro volume da tradução portugueza (no Porto) deste interessante romance de M. Eugenio Sue, pelo traductor dos Mysterios de Paris. Acha-se á venda no Porto na loge de livros de Cruz Coutinho, aos Caldeireiros. Também se porá á venda em Lisboa, Coimbra, Braga, Vianna e Lamego. Preço do volume 240 reis.

Reflexão 7 (Fernando de la Flor)

«Colocados num momento peculiar da história do saber, período no qual, por um lado, se anuncia a eminência do reinado do livro – ou seja, situados, pelo menos imaginariamente, perante a evidência do retrocesso da cultura tipográfica a favor de um novo predomínio dos meios prioritariamente audiovisuais – não podemos, contudo, deixar de reconhecer ao mesmo tempo que talvez este seja também o momento culminante da eclosão da cultura baseada na tipografia.»
Flor, Fernando R. de la, Biblioclasmo, Lisboa, Livros Cotovia, 2004, p25

quarta-feira, junho 15, 2005

Anúncio 9

O Jornal do Povo, 21 de Junho de 1851

NOVO LIVRO

Ou explicações muito necessárias não só aos meninos que frequentam as escholas, mas em geral a todas as pessoas que se dedicam á nobre profissão do commercio; apresentando muito explicito:
Taboada de Pithagoras –Numeros Romanos – Divisão e subdivisão dos pezos e medidas de Portugal – Equivalencia dos pezos e medidas de diversas praças estrangeiras – Simples explicação sobre os decimais – Modo de assentar toda a qualidade de moeda em circulação, tanto nacional como estrangeira com a sua multiplicação já feita – Methodos de fazer boa tinta para escrever etc. etc.
Publicou-se este folheto; obra util para todos os escriptorios, e vende-se por 120 rs. na loja de livros de Guimarães & Silva, rua das Flores n.º 26, - e de F.G. da Fonseca, aos Caldeireiros n.º 12, e em diversos livreiros desta cidade.

terça-feira, junho 14, 2005

Teologia (Raphael, 1511)

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segunda-feira, junho 13, 2005

Anúncio 8

O Jornal do Povo, 22 de Janeiro de 1852

Bibliotheca das Damas
Collecção de romances dos authores mais populares,
em todas as nações.
DEDICADA AS SENHORAS DO PORTO, MINHO E TRÁS-OS-MONTES.

Um volume de 96 a 200 páginas em bom tipo e papel, no formato oitavo, o mais popular no nosso paiz, pelo modico preço de 120 rs. (pagos no acto da entrega.)
A empresa fará todo o possivel para dar um volume cada 15 dias, brochado com uma capa em papel de cor, nitidamente impressa.
A publicação da BIBLIOTHECA DAS DAMAS, a mais barata que até hoje se tem publicado no Porto, principiará logo que haja numero de assignaturas para acorrer as despesas da impressão.
A empresa terá todo o cuidado de publicar só obras que contenham de um até tres volumes.
Assigna-se em todas as livrarias tanto no Porto como nas Provincias, e em Lisboa na do sr. João Paulo Martins Lavado.
Os volumes que se forem publicando serão entregues nesta cidade em casa dos srs. assignantes, em cujo acto serão pagos, e nas provincias serão entregues nos locaes onde forem feitas as assignaturas. A correspondencia tanto para assignaturas como para reclamações será dirigida franca de porte ao director da BIBLIOTHECA DAS DAMAS, rua do Bomjardim n.º649, - Porto.

sexta-feira, junho 10, 2005

A Cidade e o Livro II

A historia do livro é eminentemente uma história urbana, não apenas por causa da concentração demográfica e de riqueza, não apenas pela maior escolarização e concentração de transportes e comércio. Também, por causa de tudo isto, mas não apenas. Na cidade, a identidade individual já não é tanto marcada pela familia ou pela classe social. A construção da identidade num contexto em que a sociedade do velho regime começa a dar lugar a um outro tipo de sociedade, em que as raízes e os ritos rurais se diluem numa urbanidade nova, assume-se como uma construção intelectual em que a cultura do livro e da leitura é um elemento decisivo. A palavra impressa é a fala da burguesia, o lugar de consolidação dos valores e do discurso da nova classe dominante, a que se tem acesso por meio de uma leitura pessoal e silenciosa. A autonomia individual vai emergindo como valor edificador da cidade. A novela romântica, o jornal, o folhetim são expressão dessa emergência. O impresso que circula pela cidade é a voz dessa cidade.

quinta-feira, junho 09, 2005

A Cidade e o Livro I

A história do livro disponibiliza-se a abordagens macrodimensionadas em todos os sentidos. Estuda-se o livro impresso e a revolução de Gutemberg e suas consequências na civilização Ocidental, estuda-se o manuscrito e a cadeia de difusão através das abadias. Estuda-se a influência do Livro europeu no novo mundo (América do Norte e Sul, Oriente e África), estuda-se a História da Edição nacional, a relação entre o protestantismo e a solidificação de hábitos de leitura e consequente vantagem a nível da formação de recursos humanos e de desenvolvimento de um mercado, um público, na europa protestante, estuda-se a influência da igreja no livro, as relações entre a dinâmica económica, literacia e consumo. Esta história do livro a que nos propomos é mais modesta. Propomo-nos A abordar um período de cerca de 50 anos, num lugar muito especifico, suas consequências para o interior da cidade e para o exterior. Compreender o papel do livro, da edição literária em particular no Porto.

quarta-feira, junho 08, 2005

Extra

Os mais perigosos livros dos séculos XIX e XX, segundo os nossos amigos americanos (quem mais?...). Se não os leu ainda vai a tempo, seja um leitor perigoso.

terça-feira, junho 07, 2005

Leitura e Consumo X

Uma outra instituição que não podemos deixar de considerar é o Ateneu Comercial do Porto, que é dotado de uma biblioteca excelente. O interesse sobre esta instituição tem a ver com o facto de se tratar de uma associação representativa da burguesia do Porto, pelo que a consulta dos seus catálogos e fundos poderá vir a ser muito promissor. A dimensão da biblioteca não sendo comparável à da Biblioteca Pública, é no entanto respeitável atendento ao facto de que se trata de uma instituição privada e de acesso reservado. Um ponto relevante é que o seu fundo foi constituido por oferta dos membros e que tal se encontra devidamente registado em catálogo, tal como poderão estar registados as requisições de consulta. Parece-nos um excelente observatório sobre os hábitos de consumo literário da elite da cidade.

segunda-feira, junho 06, 2005

Leitura e Consumo IX

Privilegia-se a literatura académica de forma a satisfazer as necessidades dos «estudiosos» e a literatura clássica em detrimento da literatura popular, o canone resiste. Quanto muito permite-se a literatura instrutiva e de indole prática, demonstrando assim que a instituição está receptiva às necessidades dos novos tempos. A outra razão é de índole objectiva e até material. É que a literatura romântica circulava, em grande parte, em suportes de carácter efémero como edições de muito fraca qualidade material, degradando-se com facilidade, que contrasta com o cuidado posto nas obras setecentistas ou nas obras cientificas e clássicas. Por outro lado, os romances apareciam muitas vezes na imprensa periódica (que vai desempenhar um papel nuclear na edição romântica) sob a forma de folhetim que nem sempre chegava a existir sob a forma de livro ou ainda era comercializado sob a forma de fascículos e não de volumes pelo que não se vê como poderiam ser adequiridos pelos serviços da Real Bibliotheca. Concluindo, os catálogos da Real Bibliotheca Publica do Porto podem ser de grande utilidade na compreensão do fenómeno da edição novecentista, nomeadamente em aspectos ligados à recepção da nova estética literária e editorial por parte das instituições, desde que não se perca de vista as suas lacunas e fragilidades.

domingo, junho 05, 2005

Um Académico (Rembrandt, 1631)

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sexta-feira, junho 03, 2005

Leitura e Consumo VIII

Estas considerações são feitas já no final do século, mais de cinquenta anos depois da lei que estende o depósito-legal à cidade do Porto! Daqui inferimos que no que diz respeito às edições contemporâneas, o catálogo não pode ser representativo da totalidade do universo editorial, dado que o fundo não é devidamente alimentado por incumprimento da lei por parte das tipografias. Para além desta circunstância, outros dois factores podem ter concorrido para a fragilidade do catálogo na secção da literatura produzida nesta segunda metade do século. O primeiro é da ordem do gosto e dos valores. Não nos surpreende que a novela e o romance popular fossem vistos como um género menor e até não literário, sem dignidade, portanto, para merecer a atenção do bibliotecário. Encontrámos esta atitude de desvalorização reflectida na própria elaboração do Catálogo do Romances, no qual se registou apenas o nome do autor e o título da obra, omitindo dados tão fundamentais como o lugar e data de edição e o editor. De resto, as prioridades de aquisição de obras são claramente definidas no sentido de valorizar outro tipo de produção literária:

«Compraram-se: 1º) As obras que haviam sido reclamadas com reiteradas instancias pelos estudiosos que frequentam a bibliotheca; 2º) As obras classicas de litteratura ou de sciencia que ella ainda não possuia; 3º) Grande numero d’obras escolhidas nas differentes secções de bibliographia para animar e facilitar entre nós os estudos práticos.»[1].

[1] Idem, p. 7

quinta-feira, junho 02, 2005

Leitura e Consumo VII

Na abertura do Catalogo da Real Bibliotheca Publica do Porto: Obras Impressas. Supplemento geral contendo as acquisições posteriores à sua fundação (compreendendo o período de 1868 a 1898), Antero Pinto enquanto explica a estrutura do catálogo deixa escapar um desabafo revelador:
«Simultaneamente com essas secções paciaes do Catalogo Geral [parte scientifica, artistica e industrial], deverão ir sahindo novos e sucessivos Supplementos em additamento ao presente, contendo não só as futuras acquisições annuaes por compra ou offerta, mas tambem aquellas que desde a fundação da bibliotheca lhe hão sido fornecidas pelas diversas typographias do Reino (ainda que com quasi geral reluctancia e mui deploraveis e sensiveis lacunas) em cumprimento da obrigação que lhes impôz a Lei da creação da bibliotheca, em data de 9 de Julho de 1833, - ou o forem sendo d’ora ávante, e esperemos que com melhor vontade.»[1].

[1] Catalogo da Real Bibliotheca Publica do Porto: Obras Impressas. Supplemento geral contendo as acquisições posteriores á sua fundação (1868-1898). Parte Primeira: obras compradas e offertadas; Porto, Real Bibliotheca Publica do Porto, s. d., 1º Volume, p. 4

quarta-feira, junho 01, 2005

Reflexão 6 (Trindade Coelho)

«Sempre lhe digo que o prazer de queimar um livro mau vale bem a alegria de escrever um livro bom.»