sábado, maio 21, 2005

Leitura e Consumo II

A importância da Biblioteca para a vida cultural parece ter sido essencial, caracterizando-se por uma afluência relativamente intensa se tivermos em consideração os parametros de literacia e culturais de então. No ano lectivo de 1848/1849 recorreram aos seus serviços de leitura cerca de 2013 leitores, no ano lectivo de 1857/1858 registaram-se 2697 leitores e a partir de 1861 a subida do número de leitores é vertiginosa: no ano lectivo de 1861/62 – 3629 leitores; no ano de 1862/1863 – 4276 leitores; 1863/1864 – 6003 leitores[1]. Ou seja, entre o ano de 1848 e o ano de 1863 houve um aumento de quase 300% do número de utentes da Biblioteca Pública do Porto. E o que liam? O relatório do biénio 1857/1858 descreve deste modo as preferências dos leitores: as obras mais procuradas são as de Literatura (inclui autores latinos) – 1293 obras consultadas. Seguem-se por ordem decrescente as seguintes preferências: História e Viagens – 555; Ciências Naturais – 481; Ciências Matemáticas – 354; Ciências Exactas – 252; Artes e Ofícios – 179; Jurisprudência – 104; Economia Política – 10. No bienio de 1861/1862 a ordem de preferências registada é mais minunciosa porque já faz a distribuição do número de leitores pelo número de obras requisitadas, que é a seguinte[2]:

Literatura, Poligrafia e autores latinos-------1819 leitores consultaram 2020 obras;
História, Biografia e Viagens---------------------832 “ “ 938 “ ;
Teologia, História Sagrada e Ritos-------------266 “ “ 345 “ ;
Ciências Exactas------------------------------------242 “ “ 320 “ ;
Ciências Naturais------------------------------------178 “ “ 244 “ ;
Jurisprudência----------------------------------------139 “ “ 297 “ ;
Artes e Oficios------------------------------------------81 “ “ 140 “ ;
[1] NEVES, Álvaro – Apontamentos históricos sobre bibliotecas portuguesas; Lisboa, Academia Real de Ciências, 1914
[2] Idem, Ibidem