Romantismo e livro-produto V
O romantismo marca um novo tipo de relação entre o autor e o leitor, em primeiro lugar, e em segundo lugar, uma mutação nas relações do autor com as estruturas de produção e distribuição do livro. Desenvolve-se um novo conceito de livro, o livro-objecto ou livro-produto, dado que não se trata aqui apenas de um aumento das tiragens e de uma distribuição mais rápida e ampla distribuição propiciadas por toda uma série de inovações tecnológicas, mas de uma nova ideia sobre o que é o livro. O significado social, económico e ideológico do livro terá que ser outro a partir do momento em que este se torna objecto de consumo, dessacralizado e vulgarizado, circulando por todos os escalões sociais. Do ponto de vista económico tornou-se numa área interessante que motivou investimentos e uma crescente profissionalização dos vários elemementos do circuito do livro, começando pelo caso – raro, é certo – do autor, mas também do livreiro[1] e do editor[2].
[1] A Viúva Moré ainda no início da segunda metade do século XIX vendia no seu estabelecimento toda a espécie de artigos (botas de borracha e casacos, por exemplo) a par dos livros, o que demonstra como a a especialização na venda exclusiva de livros é algo tardia.
[2] Ernesto Chardron é talvez o primeiro editor moderno na total acepção da palavra.
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