Cadeia do Livro e Imprensa Periódica XI
O que este quadro poderá ter de útil para o nosso problema é fornecer uma hipótese de trabalho credível, ou seja, de que existem esferas autónomas de edição, que trabalham segmentos distintos do público. Será de excluir a esfera avant-gard da produção literária-editorial, porque só tardiamente, na primeira metade do século XX, é que este tipo de movimento se começa a manifestar com alguma consistência no nosso panorama. Assim, dividimos a actividade editorial e o público em Académico ou Erudito e Popular. E os autores e a sua produção? Aí as coisas são mais complexas. Os autores podem saltar de um registo para outro sem qualquer pejo (o caso de Camilo é emblemático) e desconfio que se fosse possível desvendar a autoria das obras anónimas ou editadas sob pseudónimo não deixaríamos de ter algumas surpresas. A obra literária em si nem sempre é fácil situar e, por outro lado, as relações entre a literatura popular e erudita não são tão taxativas que se possam resolver segundo uma lógica de oposição.[1] Vamos manter estas oposições, provisoriamente, por motivos estratégicos e metodológicos. Mesmo considerando a sua fragilidade. Vamos adiar um balanço crítico dessas oposições para uma fase mais avançada e consolidada do nosso percurso.
[1] CHARTIER, Roger – A História Cultural. Entre práticas e representações, Lisboa, Difel, 1988, pp. 54 a 67
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