Cadeia do Livro e Imprensa Periódica VII
Na mesma obra é ainda abordada a questão da Educação e Cultura e, especificamente a questão da posse de livros[1] perspectivada a partir dos inventários orfanológicos. Aí apurou-se que as obras detectadas eram tendencionalmente ligadas à profissão dos proprietários (códigos de leis, temas de medicina e de comércio). Em grande abundância encontraram-se muitos títulos de história, dicionários, livros religiosos e gramáticas. Apenas 9% dos casos analisados tinham obras literárias no seu património. Outros dois factores vêm a agravar o cenário: apenas foram encontrados livros em inventários de proprietários, funcionários superiores, profissionais liberais e negociantes; e recenseou-se uma presença muito forte da edição francesa, o que, se por um lado significa um poliglotismo nestas classes, por outro lado poderá significar a fraqueza da nossa produção editorial, insuficiente para satisfazer as necessidades dos consumidores, mesmo quando se trata, como parece ser o caso, de leitores pouco sofisticados. Aliás, esta tendência também se manifestava nas aquisições Biblioteca Municipal do Porto, que se faziam sobretudo à custa do mercado francês[2].
[1] Idem, ibidem, pp. 430 a 434
[2] A este propósito, o trabalho preliminar de prospecção por nós elaborado sobre os catálogos de obras que deram entrada na Biblioteca Municipal do Porto neste período, vem ao encontro do que aqui se afirma. Constatou-se o predominío do livro importado, em especial de França, e fraca expressão do livro nacional, bem como a quase inexistência de obras editadas no Porto.
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