Cadeia do Livro e Imprensa Periódica VIII
Estes dados colidem com outros dados. Sabe-se que saíam centenas de títulos por ano das tipografias para o mercado, embora com pequenas tiragens a nível do território nacional, segundo atestam as investigações de Joel Serrão referidas por A. Cruz. Relativamente ao Porto, verificámos, a partir do rastreio feito ao jornal de anúncios da Typographia Commercial Portuense “O Gratuito”[1] a existência de quinze[2] estabelecimentos comerciais que se especializaram no comércio de livros por venda directa ou por subscripções. As lojas de Livros que anunciaram a sua actividade nesta folha foram: na Rua dos Caldeireiros: Gonçalves Guimarães, Pereira Dias, Cruz Coutinho e António José Rebello Guimarães; na Rua das Hortas: Julio da Silva Cardoso e Novaes; na Rua das Flores: Calder e Mengo; no Largo de S. Eloy: Queiroz Basto e loja de Livros não identificada; na Rua de S. António: Moré e Imprensa Faria Magalhães; na Rua Cima do Muro e na de Ferraria e Cima existem também lojas de Livros não identificadas; no Largo de S. João Novo, originalmente, e depois em Belmonte: a Typographia Commercial Portuense que é a única que anuncia explicitamente a prática de edição, para além da vendas de livros e subscrições anunciados por todos os outros. Mesmo que não se trate, em muitos dos casos, de casas de comércio exclusivo do livro (o comércio retalhista, em todo o caso, só tardiamente procura a especialização) ou que até nem exerçam regular ou irregularmente o papel de agente editor, a verdade é que a sua presença pressupõe um mercado motivado para a aquisição do produto livro.
[1] Trata-se de um jornal exclusicamente de anúncios, editado pela Typographia Commercial Portuense, propriedade de Francisco Joaquim Maia, que vai assumindo diversas denominações entre 1840 e 1847: O Echo dos Commerciantes (1840) entre 22 de Agosto e 22 de Setembro; A partir de 25 de Setembro passa a chamar-se Annuncios da Typographia Commercial Portuense (1840), mantendo esta denominação apenas até 21 de Novembro; A partir de 25 de Novembro do mesmo ano passa a intitular-se O Aviso Mercantil (1840-41), passando a bissemanal, saindo o seu último número a 27 de Março de 1841; A mesma casa tipográfica, que entretanto investe na renovação tecnológica da oficina, relançando a folha a 4 de Janeiro de 1842, mas novamente com outro título: O Gratis – Jornal d’Annuncios da Typographia Commercial Portuense (1842), o qual sobrevive muito pouco tempo; No mesmo mês, a 22, muda o nome para O Gratuito – Jornal da Typografia Commercial Portuense (1842-47).
[2] RIO FERNANDES, José Alberto – Porto. Cidade e Comércio, Porto, Arquivo Histórico / Câmara Municipal do Porto, 1997, p. 68. O autor, sustentando-se no testemunho de Gomes Amorim afirma que antes da década de 50 o Porto tinha apenas duas livrarias, a Moré e a Cruz Coutinho. Os dados recolhidos deste jornal de anúncios permitem uma outra leitura...
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