Cadeia do Livro e Imprensa Periódica XIII
A posição acima apresentada não é pacífica. Não falta quem defenda justamento o contrário, como é o caso de António do Carmo Reis:
“Sublinhamos a lucidez do escritor António Feliciano de Castilho quando classificou de «popular» o século XIX por haver substituído o Jornalismo à Livraria uma instituição nova que toma o lugar de uma instituição velha – de forma a concluir que «os livros eram a muita ciência para poucos homens; os jornais são um pouco de ciência para todos,»
De facto, a abertura progressiva dos conhecimentos a estratos sociais cada vez mais vastos corre paralela com a trajectória da Imprensa, tanto ou mais que a via oficial da instrução. Logo porque, em termos de divulgação de saber, a noticia passa por veiculações que superam a alfabetização e até a dispensam. Efectivamente, o «manancial de ilustração» que é o periódico atinge os receptores com rapidez e eficácia que vai além do livro e nada tem a ver com normas de aparelho educativo: tem leitores e tem ouvintes, uns e outros fundamentalmente aptos para assimilarem o conteúdo da mensagem que aparece no texto novo, adequado e acessível. Na verdade, enquanto o livro mantinha, por regra, o seu estatuto tradicional de instrumento de cultura para minorias, individual ou limitado a um círculo de reduzida influência, o jornal traz consigo a vocação inata de informar a multidão.”[1]
[1] REIS, António do Carmo – A Imprensa do Porto Romântico (1836-1850). Cartismo e Setembrismo, Lisboa, Livros do Horizonte, 1999, p. 49
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