Reflexão 10 (J. L. Borges)
«Estendeu-me cuidadosamente um exemplar da Utopia de Morus, impresso em Basileia no ano de 1518, ao qual faltavam folhas e gravuras.
Não foi sem alguma afectação que respondi:
- É um livro impresso. Tenho lá em casa mais de dois mil livros, ainda que menos antigos e preciosos.
Li em voz alta o título.
O outro riu-se.
- Ninguém pode ler dois mil livros. Vivo há quantro séculos e não terei ultrapassado a meia dúzia. Aliás, o que importa não é ler, mas reler. A já abolida imprensa foi um dos piores males do homem, pois levou a multiplicarem-se até à vertigem os textos desnecessários.»
BORGES, Jorge Luis – O Livro de Areia; Lisboa: Editorial Estampa, 1994 (4.ª edição), p100
Não foi sem alguma afectação que respondi:
- É um livro impresso. Tenho lá em casa mais de dois mil livros, ainda que menos antigos e preciosos.
Li em voz alta o título.
O outro riu-se.
- Ninguém pode ler dois mil livros. Vivo há quantro séculos e não terei ultrapassado a meia dúzia. Aliás, o que importa não é ler, mas reler. A já abolida imprensa foi um dos piores males do homem, pois levou a multiplicarem-se até à vertigem os textos desnecessários.»
BORGES, Jorge Luis – O Livro de Areia; Lisboa: Editorial Estampa, 1994 (4.ª edição), p100
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