sábado, julho 22, 2006

Casa do Livro

[Obra impressa no Porto por Manuel Cardoso em 1634]
Gostei muito da ideia, da arquitecta Paula Morais, de se aproveitar o Pavilhão Rosa Mota para aí se fundar uma Casa do Livro. O Porto é, historicamente, um importante pólo de produção e difusão do impresso. O livro e o periódico ocupavam, entre nós e ainda há pouco tempo, um importante papel não só cultural e sociológico, como também económico. É minha convicção de que o nosso atraso (em todos os campos) se prende com a decadência da cultura do livro. Ler um livro é um acto de liberdade fundador da própria cidadania. O livro é, ainda, a tecnologia mais acessível e mais democrática, com resultados comprovados ao longo da história e por todo o mundo. Este devia ser o nosso plano tecnológico.
Para além de tudo aquilo que a Paula já sugeriu, também me parece que valeria a pena ponderar a hipótese de se instalar nessa Casa do Livro, o Museu da Imprensa onde este passaria a usufruir de instalações muito mais dignas e integradas num complexo instalado no coração da cidade. Os próprios jardins do Palácio de Cristal têm um grande potencial, já que neles poderia decorrer a Feira do Livro (já é hora de a libertar e a deixar respirar fora do pavilhão). Um outro sector a não perder de vista, até porque é cada vez mais importante, é o do livro usado e do livro raro. O Porto tem dimensão a mais para aderir ao conceito de Book Town, mas tem a dimensão ideal para organizar uma Feira Internacional do Livro Antigo e vou dizendo que o tipo de público atraído por eventos desta natureza não é nada desprezível.
Entretanto, estamos no domínio da utopia e não será com este executivo que estas ideias serão levadas a sério. Até porque não há dinheiro (se ainda fosse uma corrida de carros antigos...). O que importa agora é estarmos atentos às manobras para não se reeditar a história do velhinho Palácio de Cristal. Eu, por mim, desconfio desta Câmara e ainda mais da Parque Expo.