História do Livro e História Local - II
No contexto histórico que nos interessa, o século XIX, a história do livro apesar de conceder muita importância à questão da evolução das técnicas de produção e de não ignorar de todo o autor, toca estas questões a partir da interrogação do papel do editor e do leitor. O princípio é abordar a produção e consumo do livro no quadro de uma economia capitalista e industrial ou semi-industrial. O nosso primeiro objectivo será, justamente, compreender a transformação do livro em objecto de consumo. Mas, dizia Valéry Giscard d’Estaing que «o livro não é um produto como os outros», e não é, de facto. É portador de significações e usos sociais específicos de cada época. A função e o conceito de livro do século XVIII já não será o mesmo no final do século XIX. Pelo meio existe todo um processo de dessacralização e de vulgarização do impresso que terá consequências sobre a mentalidade dos povos. A conivência entre as mutações sociais e culturais poderá ser bem visível a partir do observatório livro. E este é o nosso segundo objectivo: compreender as relações de mútua influência do livro e do quadro sócio-cultural. O nosso último objectivo, que compreende os anteriores, propõe o exercicío de fazer História Local a partir da História do Livro, na medida em que propomos a apreender as conexões entre a dinâmica da cidade do Porto na segunda metade do século XIX e a dinâmica editorial da mesma época. Em suma, propomo-nos a ler a cidade dentro do livro.
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